segunda-feira, 28 de junho de 2010

FLAPPING RULE




Um segundo problema envolvendo as oclusivas alveolares é o fenômeno observado no dialeto norte-americano conhecido como flapping rule. Esta regra explica a transformação ("enfraquecimento") dos fonemas /t/ e /d/ em [Ð] (parecido com o "r" fraco do português) sempre que eles ocorrerem entre vogais, sendo a primeira tônica. Exemplo de palavras em que ocorre o flapping: better, butter, city, water, writer, matter, automatic, category, demonstrated, etc.
Se compararmos a articulação da flapped consonant [Ð] do inglês com o fonema /r/ como em para ['paÐa] do português, veremos que trata-se de duas consoantes parecidas a ponto de permitir uma simples transferência de uma língua para outra.
O fenômeno ocorre mesmo em palavras como quarter, order e porter. O fato das oclusivas alveolares /t/ e /d/ serem precedidas de /r/ em vez de uma vogal tônica como prescreve a regra, não invalida a regra, uma vez que, se observarmos atentatmente, veremos que o fonema /r/, na verdade, é praticamente assimilado pela vogal tônica que o precede.
Observa-se ainda a ocorrência de flapping quando as oclusivas alveolares /t/ e /d/ são precedidas pelo fonema nasal /n/, como nas palavras Internet, Pentagon, Pontiac, twenty, plenty, etc. Como no caso do fonema /r/, a nasal /n/ é assimilada pela vogal tônica que o precede.
Observa-se também a ocorrência de um enfraquecimento das oclusivas alveolares numa espécie de flapping lateral quando elas são precedidas pelo fonema consoante sonoro /l/, como nas palavras little, battle, poodle, etc.
O flapping ocorre mesmo ao longo de palavras justapostas como por exemplo: let it be, a lot of trouble, a cat on the roof.
3) Permita-me aqui discordar quanto ao grau de importância destes problemas acima discutidos, referentes às consoantes oclusivas alveolares. Na minha opinião os problemas de pronúncia envolvendo vogais são mais persistentes bem como carregam maior probabilidade de mal-entendidos.
Em sistemas fonológicos com um grande número de fonemas vogais, como é o caso do inglês, a diferenciação entre cada um tende a ser mínima. Parte do problema deve-se ao fato de que não existem delimitações claras e precisas entre vogais. No estudo da fonologia, a descrição e a classificação das consoantes é muito mais fácil. Um som pode ser uma oclusiva ou uma fricativa, mas dificilmente poderá ser classificado como algo intermediário. É perfeitamente possível, entretanto, produzir um som intermediário entre uma vogal alta e uma média. Portanto, talvez seja este o problema maior não apenas para aqueles que falam português como língua mãe, mas para todos aqueles cujas línguas não possuem um espectro vocálico tão grande quanto o inglês. O número elevado de vogais com relevância fonêmica no inglês é portanto um aspecto de importância maior do que a maioria dos problemas fonológicos envolvendo consoantes. Obrigado pela sua participação.
Atenciosamente, Ricardo - EMB


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